sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Jesus de Nazareth

Área de intervenção:
Residencial Mar Azul - Projeto Terra

Depois das Avaliações Pós-ocupacionais e de conhecer tantas pessoas queridas, encontrei um vídeo com os moradores de uma das casas aqui. Morar no alto do morro é difícil para todos, mas para eles era muito pior. Adilson, deficiente físico, era carregado nas costas até a sua casa no alto de Jesus de Nazareth.
O vídeo do CRJ também é legal. Aulas de skate, grafite, design gráfico, le parkout... genial!



Foto: Rafael Porto

quinta-feira, 25 de março de 2010

Notas sobre os Situacionistas

O grupo Situacionista, que surgiu em oposição ao Movimento Moderno e àquilo que essa vanguarda chamava “sociedade do espetáculo”, viu na vivência e na mudança de valores uma solução para transformar a cidade.

Através de meio de ação na área da cultura e dos costumes, os situacionistas pretendiam dar fim à estagnação e à confusão criada pela classe dominante. O grupo ver a cultura como a base que rege a sociedade, e esta submissa aos rótulos criados pela classe dominadora, que usa a imagem para manter sua posição social.

A cultura é formada por várias partes que se relacionam. Os Situacionistas viam no conhecimento dessas partes e da relação entre elas o princípio da ação transformadora do ambiente.

As vanguardas que surgiram (futurismo, dadaísmo e surrealismo) incitaram reflexões, mas não possuíam uma base conceitual forte e se encerraram nas expressões plásticas. A confusão criada pelas várias vanguardas foi usada pelos burgueses para fixar a sua dominação sobre a cultura.

A sociedade do espetáculo prevê a não-participação do espectador. O herói é o agente, e os figurantes não interferem na história. Os situacionistas propunham a inclusão desses espectadores, não como heróis ou figurantes, mas como vivenciadores da ambiência.

A vivência Situacionista busca a atemporalidade e a multiplicação dos instantes e das emoções vivenciadas, diferente da arte que fixa a emoção no tempo através da representação plástica.

A interferência se dá nos cenários e no comportamento dos indivíduos. E esses indivíduos, por sua vez, também interferem nos cenários, que afetam os usuários através da vivência.

Para construir uma cidade através do “Urbanismo Unitário” é preciso conhecer o conjunto que compõe essa ambiência (arte, ecologia, sons, comida) e intervir através desses elementos. Procura-se conhecer os desejos iniciais do indivíduo e estabelecê-los. “Só o seu estabelecimento pode esclarecer os desejos primitivos e o aparecimento confuso de novos desejos cuja raiz será a nova realidade construída pelas construções situacionistas.” (IS no 1)


BERENSTEIN, Paola. Apologia da deriva - Escritos situacionistas sobre a cidade.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

revista urbs - morar no centro

Esse dias encontrei essa revista urbs no meu estágio. Cada edição fala de um problema relacionado com as regiões centrais. Nesse número o tema é Morar no centro. O que eu achei mais interessante é que mesmo a revista sendo de 2001, o assunto e as soluções propostas são os mesmos que ouvimos hoje. Nos últimos 10 anos se projetou mal, conscientemente.
Essa matéria é sobre o projeto de revitalização do centro de São Paulo. É interessante conhecer os objetivos e poder ver até onde eles foram alcançados.


seminário sustentabilidade e HIS

Raquel Rolnik

Fala do esvaziamento das áreas centrais e do crescimento das periferias. Os empreendimentos habitacionais para as classes baixas se instalam na periferia das cidades, fora do tecido urbano, sem infra-estrutura urbana e de transportes, e acabam nem se relacionando entre si. Os conjuntos formam uma colcha de retalhos, criando uma cidade sem continuidade e sem vida urbana, e aumenta a necessidade de transporte congestionando ainda mais a cidade.


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Os quatro principais motivos do abando dessas unidades por ordem são a delinqüência, o isolamento, a falta de serviço e a falta de espaço. O projeto Minha Casa Minha Vida é a construção de habitações através do mercado privado com subsídio ao consumidor final, e tem como referências projetos do Chile e do México. Nesses países o mercado privado também instalou os grandes conjuntos nas periferias, formando vários bairros desconexos, aumentando as distâncias e acabando com as relações de vizinhança.
A instalação de HIS nos centros proporciona uma melhor infra-estrutura para os moradores, traz vida a uma área abandonada e previne o processo de gentrificação que tende a acontecer quando os projetos de revitalização não antecipam a necessidade da diversidade social.

Teresa Buroni

A arquiteta apresentou um projeto que ela participa no Uruguai que tem como premissas a flexibilidade, a diversidade, a participação e a integração.
O trabalho é realizado por uma cooperativa onde o estado controla a qualidade e a localização dos empreendimentos. Com relação à qualidade, o controle é sobre os materiais. O tamanho das unidades é mais difícil de controlar.
Para satisfazer as exigências do governo com relação à implantação, esse em contrapartida, dá subsídio na aquisição da terra e oferece um curto prazo a infra-estrutura urbana exigida.
Os projetos buscam criar a relação de vizinhança através de espaços públicos e semi-públicos. Cada morador tem o seu jardim, onde ele fica em contato com o vizinho, mas tem a posse e o papel de cuidar do espaço. A tipologia arquitetônica adotada é decidida através da participação popular.

Ruben Pesci

A palestra do arquiteto argentino foi sobre desenvolvimento sustentável e usou como exemplo um estudo para Florianópoles.
Para promover o desenvolvimento sustentável é preciso ter infra-estrutura, mobilidade, “atratores urbanos” e espaços abertos
A partir do princípio que sociedade gera moradia e moradia não gera sociedade, conclui-se que a participação social é fundamental no desenvolvimento dos projetos habitacionais. E os projetos de “atratores urbanos” para essas áreas devem ser geradores de cultura e emprego para promover a integração da comunidade.
Em Florianópoles se integrou os vários núcleos naturais e urbanos criando reservas de biosfera em ambiente urbano.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

construindo o projeto

Começando a refletir sobre uma vertente da problemática habitacional: Porque a maioria dos projetos de habitação popular não atende às necessidades dos moradores? ou talvez... Como produzir habitação popular em grande escala e agradar os diferentes usuários?
A construção de projetos padrão de grande porte é a produção mais recorrente dentro do setor habitacional no Brasil atualmente. Com o decorrer dos anos, esses projetos se descaracterizam pelas reformas feitas pelos moradores que transformam as unidades no intuito de atender as suas necessidades. Puxa-se uma varanda aqui, fecha outra ali, muda o guarda-corpo, demole um quarto..
Ontem em um seminário o arquiteto Demetre Anastassakis apresentou alguns de seus projetos onde ele busca combinar diversos programas no mesmo projeto, desconstruindo a caixa do edifício e posicionando esses bloquinhos de apartamentos de maneira a otimizar o conforto térmico. Passou um bom tempo na polêmica de pôr ou não elevador em habitação de 0 a 3 salários mínimos... mas terminou com um ponto interessante. Porque o arquiteto e urbanista que estuda no mínimo 5 anos para conhecer as necessidades espaciais da cidade e de cada ser individualmente, não é ouvido na hora de levantar as demandas habitacionais do mercado. Forcei um pouco no não ser ouvido, não sei bem quais são os profissionais que formam essa comissão de avaliação, mas não é do arquiteto a palavra final. Não é o arquiteto que fala que edifício de classe baixa não pode ter elevador nem que pobre precisa ter quintal pra criar galinha. Busca-se sempre a solução mais rápida. Infelizmente o caixotinho de 5 pavimentos 4 por andar veio primeiro e como ele já esta pronto repetimos infinitamente.
Mas o meu estudo não é sobre essa arquitetura. Edifício padrão não é projeto.
Dentro dos projetos de habitação popular qual é a resposta do usuário ao meio que o cerca? Projetos como o Pedregulho que seguiu as premissas de Le Corbusier para Marseille se degradaram por quê? O Pedregulho com diferentes apartamentos, creche, lavanderia e mil outros serviços... Alguns dos serviços nem existem mais, e visitar o lugar é muito difícil por causa da região que ele foi implantado.
E onde implantar esses edifícios? Na periferia já concluí que não faz sentido. Correr atrás de terra barata perde a lógica quando se calcula todos os investimentos de infra-estrutura necessária para possibilitar a ocupação do lugar. E acrescido a isso existem as diversas áreas vazias ou abandonadas dentro do tecido urbano onde a melhor opção de ocupação o uso habitacional.
Para entender melhor essa relação usuário-meio e conseguir aplicar isso dentro do projeto arquitetônico habitacional acredito que a melhor forma seja estudar um ramo da psicologia chamado Psicologia Ambiental que estuda o comportamento humano em relação ao ambiente que o cerca.